terça-feira, 23 de julho de 2013

Oferenda a Senhora das Trevas.

Longe dos olhos humanos, ela caminha, carregando uma rosa e uma adaga entre os seios.
Trazia um sorriso estonteante, de inebriar qualquer alma corajosa. Seus cabelos negros flutuavam conforme o vento batia. Seus braços e pernas  desnudos mostravam o ardor de sua pele morena. Ela é rápida, mesmo mantendo toda sua formosura, não demora a chegar.
Me observa.
Olha minhas mãos, toca meus lábios, cheira meu cabelo, desliza as mãos sobre minhas coxas, massageia o meu ventre. 
Estou aflita. Sua presença me incomoda.
Um calafrio desce pela minha espinha conforme suas unhas arranham minhas costas.
Pequenas mãos me arrancam a capa. 
Não é ela. Não são as mãos dela.
Tensiono.
Estou nua.
Sinto o vento entrar por minhas entranhas, mas não sinto frio. Pelo contrário, sinto o calor exalando daquela mulher que me observa. 
Me deitam sobre a pedra. Ela se aproxima, brinca com meus seios arreganhando um largo sorriso.
Fico sem ar. Sua beleza me embriaga tanto que eu mal podia ouvir os tambores e as cantorias das mulheres pintadas de vermelho.
E num breve momento, recita algumas palavras, olha no fundo dos meus olhos e me beija a boca.
Sinto meu espírito ser sugado. E uma pontada fria entra em meu peito. O sangue escorre.
Estou desesperada, mas ela me acolhe. Afaga meus cabelos e me beija a testa. E antes do meu último suspiro, ela reza para uma tal Senhora das Trevas.


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