sábado, 4 de abril de 2015

Só não esqueça de limpar os pés, ao entrar

Porque quando eu tinha 8 anos, eu ganhei um sabiá,  que cantava pra mim todos os dias. Era um filhote, mal descobriu o vôo e estava preso. E quando soltei o meu cachorro, ele não sobreviveu aos seus instintos. Que talvez a liberdade seja uma ilusão. O que adianta se libertar e continuar presa em pessoas, em momentos , ao passado, a uma vida que sempre sonhou. Ela quer partir e quer ser lembrada, mesmo sabendo que isso é querer ficar. E tentamos ser nós mesmos, desde que sejamos iguais aos outros. E então amamos sem saber o que é o amor. E odiamos sem nunca sentir o ódio de verdade. E passamos o nosso conhecimento a frente, mas não sabemos absolutamente nada  E vamos sobreviver, de acordo com a hipocrisia. Sem ela, nada fará sentido. E eles sabem sobre mim, tudo que não sei. E quem eu serei há sete palmos? Eu sempre soube, mas há quem me interprete como quiser. E eu não sou maluca, e não preciso da ajuda de quem não consegue ajudar a si próprio. Gritei o que pude, falei o que sabia, e no fim, guardei os meus impulsos e implorei companhia. Eu nunca estive certa, mas não estou errada. Porque preciso das pessoas, e preciso de gente o tempo todo, só para preencher esse buraco que a vida cavou em mim. Mas eu preciso de gente ruim, me fazendo mal. Mas não tem sido assim. E eu quero me arrepender, mas não sei se mereço. É que eu preciso de alguém que ore pela minha alma, quando essa tempestade passar. E as pessoas sentem pena, e me esconde a verdade. E isso não machuca mais. E a bondade está além do que imaginamos. Eu realmente não me importei, quando disse que não. Mas quando não disse nada, eu não tinha muito o que dizer. Eu só tentei ser uma pessoa boa, e ter a cabeça em paz como todas aquelas meninas que conheci. Mas elas eram uma só, eu sou várias. Em vinte e quatro horas, eu sou doze sentimentos. E ninguém pode prever. Só que eu cansei pessoas, e os meus textos são vazios. E as minhas palavras são fracas. E minhas confusões são repletas de veneno. Ninguém é obrigado. Na nossa falsa liberdade, os deixarei soltos. Mas já estou sentindo saudades, daquilo que não fiz. Eu nunca disse adeus, com palavras. E só tenho que pedir desculpas a mim mesma, que corri para o precipício buscando consolo. Meu corpo não merecia isso. Mas a vida cobra, e nela não existe meia volta. Só desistências, covardias e orgulho. Só que desta vez, eu não vou voltar. E pela primeira vez, será por mim.