quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ódio

Água que borbulha pronta para evaporar.
Um choque percorre suas veias.
Possui, queima, mata, salva.
Seu amigo, até amante.
Sucede um grito, desagrado, gotas de rancor.
Foi chuva gélida sobre o fogo.
Tomou seu corpo e aspirou a virtude.
Inquietou a alma.
O sangue se agita.
O coração lateja.
A raiva pulsa.
A escuridão prevalece.
Eu pertenço a ele.
Ele pertence a mim.
E assim viveremos pelos confins da Terra.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Recomeço


É normal sentir o peso da idade, sem nem sequer ter vivido metade dela? Não sei.
Acho que foi por ter achado que a vida se resumia em flores, e que iríamos viver para sempre.
Estava errada. Esses dias lembrei que um dia a morte chega e a vida se esvai.
E de repente tudo caiu, como chuva, aquelas de verão.
E me vi transbordando. Já não havia espaço em meu corpo para tanto erros.
O medo de envelhecer, realçou meu lado infantil.
A vontade de fazer tudo certo, me fez julgar as pessoas.
O receio de ser rejeitada, aflorou meu egoísmo.
E a tristeza, era apenas o meu orgulho dizendo “seja forte”.
Rodeada de espelhos, fui incapaz de reconhecer os meus atos. Já não sabia qual deles era o meu reflexo. Espelhos não foram suficientes. Eu precisava provar para mim mesma, até mesmo fixar, que já estava na hora de crescer e começar a ver as coisas com outros olhos.
Olhos de quem sente, de quem vê, de quem ama, de quem chora...olhos de humildade.

O escudo finalmente se quebrou.