sábado, 27 de junho de 2015

Sobre pessoas erradas.

Não tenho palavras para descrever toda essa fúria. Me desce um calafrio quase visceral, que arreganha todas as minhas vertentes abissais.
Eu quero ser sem escrúpulos. Mergulhada em sal e sangue. Quero ter o poder de te dizer não, de te matar todas as quinhentas vezes como planejei, te ressuscitar e te matar mais uma vez pra ter certeza.
Sim, me pus a me entediar em seus blefes, nas suas cartas, na tua história.
Chega!
Não aguento essas reflexões sobre mim.
Você não me conhece querido. E porra, eu sou tão idiota.
Eu quero me sentir deploravelmente ferida, sem orgulho, sem estratégias. Quero mostrar minhas garras, ser puta, ser inflamável, me explodir, me fingir de santa, lamber seu sexo e ser penetrada com força, sem amor. Quero me libertar dessas amarras de boa moça, da família, do "ela é pra casar". Não sou nada disso. Sou fruto, carne, animal. Quero me fundir a terra, ser colonizada, escravizada. E depois disso tudo vou querer foder. Foder sem papas na língua. Com homens, com mulheres. Não peço mais que isso. Preciso ser abusada, usada, molhada, marcada.
E depois, eu vou olhar pra você e dizer que nada disso é verdade.
Eu sou uma puta.

domingo, 7 de junho de 2015

Só mais um domingo.

Fico ali. Imersa. Em moléculas, em qualquer lugar.
De todas as mortes dolorosas, essa é a mais precoce. E nessa transparência que me estraçalha o peito e dilacera órgãos, me vejo em reflexos turvos em água desiquilibrada. Na sua leveza fui pesada. E as palavras pesam, não há bóias que façam emergir. Me afundo na fúria da quietação, com partículas quebradas. Sem saber. Inunda o vazio. No teu sal me visto espessa, e me apego, me arrebento, me descuido. E meus pulmões enchem de água. Água negra, água ácida. Mergulho em anseios, e o corpo se debate, luta.
E fico ali, imersa.