Não tenho palavras para descrever toda essa fúria. Me desce um calafrio quase visceral, que arreganha todas as minhas vertentes abissais.
Eu quero ser sem escrúpulos. Mergulhada em sal e sangue. Quero ter o poder de te dizer não, de te matar todas as quinhentas vezes como planejei, te ressuscitar e te matar mais uma vez pra ter certeza.
Sim, me pus a me entediar em seus blefes, nas suas cartas, na tua história.
Chega!
Não aguento essas reflexões sobre mim.
Você não me conhece querido. E porra, eu sou tão idiota.
Eu quero me sentir deploravelmente ferida, sem orgulho, sem estratégias. Quero mostrar minhas garras, ser puta, ser inflamável, me explodir, me fingir de santa, lamber seu sexo e ser penetrada com força, sem amor. Quero me libertar dessas amarras de boa moça, da família, do "ela é pra casar". Não sou nada disso. Sou fruto, carne, animal. Quero me fundir a terra, ser colonizada, escravizada. E depois disso tudo vou querer foder. Foder sem papas na língua. Com homens, com mulheres. Não peço mais que isso. Preciso ser abusada, usada, molhada, marcada.
E depois, eu vou olhar pra você e dizer que nada disso é verdade.
Eu sou uma puta.
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