Fugir de algo que te pertence não é a melhor escolha.
O sangue envenenado se renega a purificação.
A vida enfadonha é um poço de desgosto.
Sombras são incapazes de se desfazer no escuro.
Marcas, símbolos, não significam nada para os outros.
Mas você sabe, e aprende a conviver com a história gravada no peito.
Sacrifícios foram feitos, a ressurreição será entre chamas.
É injusto ser o problema, mas o imã intolerante,
que existe entre o sangue e a perversidade é maior que a dor de ser feliz.
O caminho para a redenção é a morte.
A morte do sangue, do vínculo e do pacto.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Ao acaso
Nunca estive ali, era colorido.
Foi quase impossível não sentir.
Cheirava mato, flores, brisa, sol.
Até um gosto perdido de algo doce, cereja talvez.
As aves aventuravam-se nas piruetas em queda livre.
O som do vento viciante sibilava palavras de conforto.
Era onde eu queria estar.
Sentada, sentindo e suspirando.
Ficar inativa, sem perspectiva.
Não estava sozinha.
Apesar do silêncio constante que havia viciado ambos.
Ele vestia azul.
Não me tocou, nem me encarou.
Permaneceu ali, distante e forasteiro.
Recluso em qualquer pensamento.
Menos em mim.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
In(justo)
Eu não acho justo o choro, o ódio, o lamento e a falta do que fazer.
Eu não acho justo a dança, o ritmo, a discórdia e o desvio.
Eu não acho justo a desvantagem, o silêncio, o desaforo e a falta de companhia.
Eu não acho justo o grito, o coração, o surto e as suas manias.
Eu não acho justo o cheiro, a saudade, a melancolia e a vingança.
Eu não acho justo a injustiça, a mentira, a desilusão e o desabafo.
Eu não acho justo você.
Eu não acho justo ela.
Eu não acho justo nós.
Eu também não acho justo esquecer, que não devo achar nada.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Apego
Será que há explicação para explicar aquilo que não deve ser explicado? Se houver, está por ai, sendo usada com meros desconhecidos que se dizem próximos.
Eu vejo uma corrente, um laço, algo forte, longe do meu domínio, longe do nosso domínio. Nada poderá quebrar este des(vínculo). E aquele que um dia tentou quebrar tal corrente, aos poucos, foi desaparecendo. Ela existe, sempre existiu. Esteve aqui o tempo todo, e nada poderá quebrar aquilo que se mantém com o simples ato de viver.
Eu vejo uma corrente, um laço, algo forte, longe do meu domínio, longe do nosso domínio. Nada poderá quebrar este des(vínculo). E aquele que um dia tentou quebrar tal corrente, aos poucos, foi desaparecendo. Ela existe, sempre existiu. Esteve aqui o tempo todo, e nada poderá quebrar aquilo que se mantém com o simples ato de viver.
"O infinito é realmente um dos deuses mais lindos..."
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Soneto do amante solitário
"Sua boca
Aquele batom vermelho
Sua presença
Meu desespero
Seu jeito
Seu pensar
Sua fala
Meu amar
De um modo inocente
Ela chegou indecente
E me conquistou
Sugou minha alma
E soltou-a ao vento
Depois, partiu."
Esteves Oliveira
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Relatos de emily
No dia 09 de março de 1982, Emily foi encontrada no seu quarto,
com os lábios cortados, os pulsos dilacerados e o coração quebrantado. Junto
dela havia um bilhete escrito com o próprio sangue, que dizia “ Assumi o meu papel de louca."
“Quando vi aquele
corpo jogado ao chão tive medo, e lembrei de todo sofrimento que fiz em mim
mesma. Agora não importa mais, pois estou livre.” Disse Emily.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Desvínculo
Chegou o momento.
Um corte precoce do cordão umbilical foi feito.
Na borda da saia da mãe a criança chora.
Deixe a infância se esgotar.
Deixe o medo do escuro brincar de esconde-esconde.
Nada disso te pertence, vai ficar na lembrança, somente isso.
A jornada talvez seja longa e o caminho é distorcido, eu sei.
Alertas de tempestade alvoroçam a situação.
Não temerás.
Não existe mais um porto, é hora de voltar a velejar.
Encontrar novos horizontes, outras histórias...
As antigas sumirão, eu juro.
Seremos livres e solitários.
Nada te prende além de amores simbólicos.
É hora de ir.
Te esquecer.
Me esquecer.
E ser quem eu nunca fui.
Adulta.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Sete vidas
1º dia. Acordou, abriu a janela, questionou sua existência.
Resolveu mudar. Cumpriu sua rotina. Dormiu.
2º dia. Acordou, abriu a janela, tomou dois comprimidos.
Resolveu mudar. Cumpriu sua rotina. Dormiu.
3º dia. Acordou, abriu a janela, queimou o passado. Resolveu
mudar. Cumpriu sua rotina. Dormiu.
4º dia. Acordou, abriu a janela, escondeu as facas. Resolveu
mudar. Cumpriu sua rotina. Dormiu.
5º dia. Acordou, não abriu a janela, segurou o choro. Nenhuma mudança. Se trancou no quarto.
Não dormiu.
6º dia. Levantou, quebrou o espelho, destruiu seu reflexo.
Tomou todos os comprimidos, resgatou as
facas, desabou em choro. Mudou.
7º dia. Não acordou.
Imprecisão
Pois não quero aceitar a ordem natural das coisas. Não funciono desta maneira, ou melhor, já funcionei um dia, mas não hoje. Se ainda não compreendeu, estou falando do fim. Da última promessa, o último olhar, as últimas palavras, o último suspiro. É como se eu soubesse a data de partida sem saber. O que realmente acontece sem crer. Como se dormisse ao meu lado todas as noites o medo de partir.
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