segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Questão de tempo

É um tanto desesperador ,ver alguém caindo do topo tão subitamente. E ao mesmo tempo, muito inspirador, saber que aqueles que um dia foram importantes, hoje não sao nada. As máscaras não são pra sempre. Malditos encantos, que viraram sintomas de velhice, não é mesmo ?!E agora, se vê sozinho, em volto de paredes que se fecham a cada não que a vida te dá. Confesso que tive pena, mas não posso deixar de dizer que deixei um sorriso sarcástico escapar do canto da boca. Infelizmente, me alimentei dessa derrota por alguns minutos, até lembrar que eu ajudei a construir todo esse reinado ilusório. Águas passadas, meu amigo... Águas passadas. Mas gostei de observar e registrar toda essa queda livre. Algumas palavras saem das nossas bocas como pragas. Mas nunca imaginei que fosse se cumprir tão rápido.



domingo, 9 de agosto de 2015

A maneira descontente de descobrir que estou a fim de outro

É isso.
Não tem muito o que dizer. Essas relações são complicadas, envolventes, perigosas, saborosas. Ele me trata com cautela, é estranho como um anula o outro, até perco meu vínculo. E as vezes me pego pensando no que há de errado, por que me abala as pernas? E não paro de remoer aquelas antigas amigas: confiança e ilusão. Eu cheguei a analisar indícios de paixão, já descartei. Você é daquele tipo perigoso que me domina porque eu sei que não vou ser capaz. Daqueles a quem me descabelaria enlouquecida, sedenta por mais um minuto. Mas você não vai entender, nunca entende. Porque você me acha fraca, vazia, medrosa. Enquanto ele me ilude. E você gosta.
Apenas saiba, sei que sou a fim de você porque descobri que estou a fim dele.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

A última noite dos 19

Nesses dias loucos andei pensando, onde foi parar minha coragem? O meu abuso? A minha audácia? Nunca tive. Nunca os tive.
E é só mais um ano, mais um dia, mais um mês. E essa falta que você me faz, puta, como me destrói. E a falta que faz perder você.
Nesses dias loucos eu sempre enlouqueço e me desfaço de mais um ano que se vai. E a consequência lateja, o que eu não fiz?
Só posso dizer que essa noite prometeu. Um reencontro, umas luxúrias, uns vinhos, umas amizades, um bem estar. Hoje não acordei depressiva, nem feliz.
A idade chega como murros cegos de uma faca.

sábado, 27 de junho de 2015

Sobre pessoas erradas.

Não tenho palavras para descrever toda essa fúria. Me desce um calafrio quase visceral, que arreganha todas as minhas vertentes abissais.
Eu quero ser sem escrúpulos. Mergulhada em sal e sangue. Quero ter o poder de te dizer não, de te matar todas as quinhentas vezes como planejei, te ressuscitar e te matar mais uma vez pra ter certeza.
Sim, me pus a me entediar em seus blefes, nas suas cartas, na tua história.
Chega!
Não aguento essas reflexões sobre mim.
Você não me conhece querido. E porra, eu sou tão idiota.
Eu quero me sentir deploravelmente ferida, sem orgulho, sem estratégias. Quero mostrar minhas garras, ser puta, ser inflamável, me explodir, me fingir de santa, lamber seu sexo e ser penetrada com força, sem amor. Quero me libertar dessas amarras de boa moça, da família, do "ela é pra casar". Não sou nada disso. Sou fruto, carne, animal. Quero me fundir a terra, ser colonizada, escravizada. E depois disso tudo vou querer foder. Foder sem papas na língua. Com homens, com mulheres. Não peço mais que isso. Preciso ser abusada, usada, molhada, marcada.
E depois, eu vou olhar pra você e dizer que nada disso é verdade.
Eu sou uma puta.

domingo, 7 de junho de 2015

Só mais um domingo.

Fico ali. Imersa. Em moléculas, em qualquer lugar.
De todas as mortes dolorosas, essa é a mais precoce. E nessa transparência que me estraçalha o peito e dilacera órgãos, me vejo em reflexos turvos em água desiquilibrada. Na sua leveza fui pesada. E as palavras pesam, não há bóias que façam emergir. Me afundo na fúria da quietação, com partículas quebradas. Sem saber. Inunda o vazio. No teu sal me visto espessa, e me apego, me arrebento, me descuido. E meus pulmões enchem de água. Água negra, água ácida. Mergulho em anseios, e o corpo se debate, luta.
E fico ali, imersa.

domingo, 31 de maio de 2015

Retalhos de um remorso

Confesso que houve um declínio de realidade entre uma crise e outra. E ainda tem todos aqueles erros que cometi por vaidade. E toda essa insanidade a nossa volta. Causando esse desespero silencioso. E sabemos que nada será como antes. Entre o corpo e a mente há um nó de três pontas. E nenhuma delas me pertence. Tentei reconstruir aquela incrível corrente que se quebrou, mas algumas peças se perderam. E agora, não há amor no mundo que a deixe firme. Eu lembro como se fosse ontem, o dia que eu disse adeus e fugi. Eu só queria respirar. Mas a verdade, é que o espelho não mente. E ele andou dizendo que tudo que eu vivi, foi uma farsa.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Senhor

Existe um luto.
Um luto longo e grosso.
Sem títulos e sem amor.
Apenas luto.
Que esmaga, estraçalha, que corrói.
Um luto que é negro de todas as cores.
E logo depois o vazio.

sábado, 4 de abril de 2015

Só não esqueça de limpar os pés, ao entrar

Porque quando eu tinha 8 anos, eu ganhei um sabiá,  que cantava pra mim todos os dias. Era um filhote, mal descobriu o vôo e estava preso. E quando soltei o meu cachorro, ele não sobreviveu aos seus instintos. Que talvez a liberdade seja uma ilusão. O que adianta se libertar e continuar presa em pessoas, em momentos , ao passado, a uma vida que sempre sonhou. Ela quer partir e quer ser lembrada, mesmo sabendo que isso é querer ficar. E tentamos ser nós mesmos, desde que sejamos iguais aos outros. E então amamos sem saber o que é o amor. E odiamos sem nunca sentir o ódio de verdade. E passamos o nosso conhecimento a frente, mas não sabemos absolutamente nada  E vamos sobreviver, de acordo com a hipocrisia. Sem ela, nada fará sentido. E eles sabem sobre mim, tudo que não sei. E quem eu serei há sete palmos? Eu sempre soube, mas há quem me interprete como quiser. E eu não sou maluca, e não preciso da ajuda de quem não consegue ajudar a si próprio. Gritei o que pude, falei o que sabia, e no fim, guardei os meus impulsos e implorei companhia. Eu nunca estive certa, mas não estou errada. Porque preciso das pessoas, e preciso de gente o tempo todo, só para preencher esse buraco que a vida cavou em mim. Mas eu preciso de gente ruim, me fazendo mal. Mas não tem sido assim. E eu quero me arrepender, mas não sei se mereço. É que eu preciso de alguém que ore pela minha alma, quando essa tempestade passar. E as pessoas sentem pena, e me esconde a verdade. E isso não machuca mais. E a bondade está além do que imaginamos. Eu realmente não me importei, quando disse que não. Mas quando não disse nada, eu não tinha muito o que dizer. Eu só tentei ser uma pessoa boa, e ter a cabeça em paz como todas aquelas meninas que conheci. Mas elas eram uma só, eu sou várias. Em vinte e quatro horas, eu sou doze sentimentos. E ninguém pode prever. Só que eu cansei pessoas, e os meus textos são vazios. E as minhas palavras são fracas. E minhas confusões são repletas de veneno. Ninguém é obrigado. Na nossa falsa liberdade, os deixarei soltos. Mas já estou sentindo saudades, daquilo que não fiz. Eu nunca disse adeus, com palavras. E só tenho que pedir desculpas a mim mesma, que corri para o precipício buscando consolo. Meu corpo não merecia isso. Mas a vida cobra, e nela não existe meia volta. Só desistências, covardias e orgulho. Só que desta vez, eu não vou voltar. E pela primeira vez, será por mim.

terça-feira, 17 de março de 2015

Eu não costumo julgar as pessoas, mas costumo achar que todos, de qualquer maneira, tem algum conteúdo a me oferecer. Seja bom ou ruim. Como exemplo, esse texto, diferente dos outros não tem nenhum tipo de história, nem romance. É só mais um texto. Mas com um propósito diferente, um conteúdo. Eu sei, muito bem por sinal, que eu tenho minhas inferioridades, as minhas teimosias, essas coisas de menina quase mulher. E que por vezes eu chego ser chata de tão certinha e bagunçada. Mas acontece  que sou assim. Por vezes eu vejo uma breve discussão pelos cantos sobre o meu eu antissocial. Isso não me aborrece. Eu sei medir as coisas, mas veja bem, eu não sou simpática, e não tenho obrigação de conquistar ninguém. Talvez você tenha que me conquistar. E pra esclarecer alguns pontos úteis, ou não. As pessoas me vêem com pouca frequência reclamar da minha vida amorosa, e sim reclamo. Entenda, estou sozinha porque eu quero, porque não tenho paciência, e se for pra estar com alguém que seja uma coisa sei lá, amigável, repare que  não falei de amor, isso é pra outro texto. Não querendo dar muitas voltas, vou direto ao ponto. Tem pessoas que me  irritam com as suas teimosias. Eu sei cada um tem seu gosto, mas não mexe com a minha arte. Se você não amadureceu, fica na sua, não fala mal do trabalho dos outros, se a sua preferência é a mídia internacional, purpurina e essas coisas espalhafatosas, nada contra, eu também curto. Só que eu sei dar valor a coisas escritas com coração, coisas que vieram daqui, da nossa terra. Você nunca vai me ver negar que sou daqui, que eu sou negra. E eu me orgulho disso, e muito.  E me entristece ver essa cultura diminuída nessa gente, que não vê beleza em uma música de um dos maiores compositores nacionais.  Sim, isso me enlouquece. E graças a Deus a arte me acompanha todos os dias. E tenho orgulho de dizer que a arte me transformou. Eu escrevi esse texto pra falar de pessoas sem conteúdo, de pessoas que não tem a arte como ponto de partida, que tem suas mentes alienadas pelo glamour estrangeiro. Você está no seu direito de gostar do que bem entende, mas procure outras coisas. Não sei. Se encha de conteúdo, pro seu bem, pro bem de quem está perto, ou longe. Isso faz bem a alma.
Eu escrevi esse texto pra desabafar, e pra você enxergar, que eu tô sozinha porque quero mais pessoas como eu e menos pessoas como você do meu lado.

Sobre a vida

Por que temos tanto medo da morte? Porque não sabemos se será um alívio ou um tormento!? Ou o medo se baseia na nossa ignorância e limitação perante a vida!? É frustrante temer algo que já está traçado na nossa existência. Lutamos todos os dias com nós mesmos. Disfarçando a nossa imperfeição, maquiando a idade e pra quê? Ela virá ao nosso encontro. Se não for pela doença, ou velhice, será por conta do acaso. E nós sabemos disso. Aos 6 anos de idade já estamos cientes que tudo que nasce morre. E mesmo assim, tentamos correr contra ao vento, para aproveitar a vida ao máximo. Aproveitar o quê!? Será que se olharmos em nossa volta, ficaremos presos entre o "por que estamos aqui" e o "para onde vamos"? 

E nossas perguntas não terão respostas.
 Então precisamos acreditar fortemente em algo, e ao mesmo tempo nos defender daqueles que acreditam que fé tem que ser uma só. Depois temos que deixar claro em nossas ações o que realmente queremos. E o que queremos? Sejam fatos ou teorias, ciência ou religião, fórmulas ou orações. Viveremos de 'talvez' e no meio desses " e se" o medo persistirá 

terça-feira, 10 de março de 2015

Dias de cão


Primeiro ele diz que não vai me decepcionar, para deixar tudo em suas mãos. Jurou perfeição em solucionar os problemas. Mostrou que algumas coisas nessa vida eu não conseguiria sem a sua permissão. Abusou do meu ódio, e fingiu não ver a minha incompetência. Prometeu ajudar e fracassou. Depois, já desiludida de tudo, ela chegou pela minha janela me oferecendo abrigo. Tentou me proteger quando eu disse que não havia ameaças. Entre cacos e trapos me levantou a força, e como se não bastasse, fugiu. Me abandonou. Ele, o tempo, me mostrou a verdade. Ela, a vida, me ensinou a me proteger de mim.
Eles ainda estão por aqui, mas agora é tempo de caminhar sozinha. 

sábado, 7 de março de 2015

A verdade é uma só

Dos altos e baixos tive medo. Medo de abrir as mãos, deixar escorrer entre os dedos e me perder no meu próprio caminho. Nada disso doeu. A verdadeira dor se escondia na verdade. A verdade é que nunca acrescentei. Hoje faz 3 meses que esqueci o sentido da vida. Acho que morri. Pra você. Por mim. Talvez fosse preciso sumir. Há uma paz, um sossêgo. Não aqui.
O destino se esconde na verdade.
A verdade é que nunca nos encontramos.


segunda-feira, 2 de março de 2015

Celina

Acontece que Celina não me deixa dormir.
Celina.
Confesso que amei Celina mais do que ela merecia. As vezes penso em como seria se eu nunca a tivesse visto. Se nunca a tivesse tocado. Mas Celina era como um pedaço de pele, que foi esfolado do meu corpo sem razão. Eu a queria perto, já estava longe.
Celina tinha os seios maravilhosos, que só ela sabia surrar no meu rosto. Aqueles lábios macios que roçavam em minha nuca antes de pegar no sono. E entre as pernas, a mais doce colmeia. Celina me fazia perder o controle todas as vezes que encostava a língua no céu da minha boca. E me fazia gozar sempre que me enfiava os dedos. E ela me comeu de todas as maneiras que quis, e eu também a comi. E durante a madrugada se esfregava como uma gata que miava aos meus ouvidos sem pudor. E lembro do seu sorriso largo enquanto me apertava a bunda.
E eu amava o jeito que me maltratava. Como me espancava, e como ordenava meu silêncio. Não havia maneiras de não ceder aos seus caprichos. E que a cada noite, me levava um pouco de vida em troca de escolhas imaturas.
Eu nunca pedi amor a Celina. Ela não amava ninguém. E era isso que me chamava atenção. Quando ela mandava e desmandava na minha vida, quando ela não dava a mínima pra sentimentos ingênuos.
Ah Celina, se soubesse o quanto te amei.
Eu amei Celina até me fundir a ela. E sinto seu perfume amargo se misturar no meu cabelo. E no teu corpo frio eu mergulhei de cabeça, enquanto seu sangue quente berrava em minhas mãos.
Celina morreu em meus braços. E até hoje, eu não sei seu verdadeiro nome.

Eu sei a hora de partir.

Não leia.
Essa doença. Ela vai me matar.
E com pontadas de desespero eu digo adeus.
Não leia isso. É a ultima coisa que eu te peço. Não leia.
Ou se por curiosidade não foi capaz de parar esse texto, não quero que me procure.
Eu vou morrer se ficar, e vou morrer se partir.
E preciso ver o mundo.
A morte nunca me agradou, e já me peguei pensando no que aconteceria com você se eu não estivesse aqui.
Mas sabe, um filme passa inteiro na sua cabeça, e as coisas morrem aos poucos.
Eu sinto falta do seu ombro amigo.
De conselhos, de chamegos.
E a coisa andou meio louca, pra você. E também pra mim. O mundo girou e nos perdemos, e agora estamos aqui.
Quem vai dizer que essa translação toda é errada?
Quem vai dizer que essa transação não foi um bom negócio?
Andei pensando. Vou embora por mim. E por ela.
Já não me cabe amor no peito, nunca coube. E somos parecidos de jeitos diferentes. Eu sei que você vai me entender. Só não confunda essa despedida como uma fuga.
Não estou fugindo. Ela te ama, e eu, só te quero bem. Talvez eu volte.
E agora eu sinto muita raiva. E antes que me acalme, já arrumei minha malas. Me rendo a você, e não é de hoje. E tudo isso é passageiro.
Me espere, se depois de tudo ainda me ter apreço. E quando voltar, te conto sobre as coisas que vi.


"Amor é amor. Não é corrente que a gente prende no pé. Amor é que nem asa. Amor é pra voar.”


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Isso é tudo

Todos somos covardes. Nosso instinto e regado de mentiras. E sim, é reversível. Acredito que todos, até os mais duros conseguem sentir. Mas eu tenho outras saídas. Eu gosto do ódio explícito. Ele é a única verdade que separa os bons e os melhores. Que separa o meu eu humano, do meu eu mocinho. Enquanto um lado se pergunta onde eu errei, e tenta reparar os erros, o outro se diverte com a desilusão. Um tenta entender , aceitar e perdoar os outros. O outro, se satisfaz com os erros alheios e se põe no centro da situação, pra sentir o caos de perto. Uma luta contínua, mas nada incomum. Os meus erros serão sempre os mesmos, e espero que alguém me entenda um dia. Ha uma alegria oculta, em todos os olhares, quando estou no poço. Eu sei como é contagiante observar alguém cair e esperar ser atingido para ajudar. Sim, ainda colho alguns frutos. Mas ultimamente tenho me divertido muito, quando paro para olhar que porra estou fazendo. E depois me engasgo quando percebo, que no meio das minhas pernas é sempre mais doce.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Ao avesso

Nestes dias loucos, eu andei chorando. Não havia um motivo específico. 
Lembrei dos meus problemas, do sofrimento no mundo, até perguntei a Deus quando isso mudaria. E por fim, lembrei de você. E de triste não consegui mais chorar. 
Saiba, meu jovem, eu carregaria metade do teu fardo nos meus ombros. 
Sentiria a tua dor, junto com a minha. Transformaria suas mágoas em algodão doce. Faria qualquer coisa pra te ver sorrir de verdade. Mas não posso. Há um tempo atrás era simples forçar sua fechadura. Hoje, é preciso sangrar durante uma noite inteira, para causar um arranhão. Talvez você nem saiba, ou não tenha percebido, que eu sempre quis te ajudar. O silêncio que exala dos teus olhos é assustador, e não faz querer ficar. O veneno oculto em suas palavras corrói, e não faz querer o bem. Talvez seja mais estranho ainda, por nunca ter se interessado em me conhecer. Conhecer de verdade, por dentro, no íntimo. Enquanto fiquei aqui decorando gostos e costumes. Mas é tarde pra se importar com isso. 
A verdade é que ainda não estamos sozinhos, e estou aqui. Estamos aqui. E quando você se perder novamente, talvez estejamos aqui, mas acho que não. 
Talvez sejamos as únicas, mas sem um obrigado é difícil continuar. 
Te amo, mas não é o caso 


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Sangue do teu sangue I

Eu juro que tentei me espelhar, te respeitar, te amar como deveria. Mas estou tentando a 9 anos em meio a ofensas, torturas, vergonha. 

"Esta casa é minha e faço o que eu quiser."

Esse teu olhar que me renuncia a cada manhã está em meu reflexo. Este amor que não escolhemos as vezes dói. Sempre vou te pedir perdão por vir ao mundo através de você. 

"Não pedi uma filha tão burra."

Mas hoje, eu te renego. Não tenho mais a obrigação de te aturar. Metade do meu coração será sempre seu.  Me ensinou a caminhar, a descobrir a vida, e com a realidade me ensinou a sobreviver.

"Ela se formou no magistério, filha minha tem que ser alguém na vida."

 E agora vou seguir o meu caminho, errar em paz, sentir a vida sem medo, sem correntes, sem você. Agora vou caminhar com os meus próprios pés, e na minha caminhada só ha uma direção. 

"No dia que sair por esta porta, é pra sempre. Se for, não volta mais!"

Uma ida sem volta. 
Um adeus sem arrependimentos. 



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Cansaço

É que eu tô cansada de você.
Disse que tentaria, mas não consigo.
Foi porque você gritou, berrou demais, e implorou de menos.
É que eu preciso viver minha vida.
Mas não posso esperar essa sua doença passar. Não tenho tempo.
E talvez seja melhor para nós
É que essa ilusão que nos uniu desiludiu.
E não tá dando mais pra viver na tua cola.
Posso estar errada, mas isso já acabou.
É que eu não faço por fraqueza.
E eu vejo você reclamar de empurrar com a barriga.
E sinto muito, mas isso já não me comove.
Talvez se você tentasse.
É que eu tô tentando te entender.
Mas me perdi sozinha ao buscar uma solução.
A verdade é que você não me quer mais.
E se foi culpa dele, eu peço desculpa.
É que eu te vejo se destruir nas minhas mãos.
E ainda sinto como se fosse ontem o início da nossa perdição.
Naquela época que as coisas eram difíceis.
É que eu pensei que fosse durar pra sempre
Mas você me repudia sem piedade.
E não sei mais o que fazer com esse ciúme que me consome.
E não me conformo mais em te ver me chamar de covarde.
É que eu escuto seus discursos.
E me machuca porque não existe mais confiança.
E eu já te vi fugir pra ele, quando eu era o seu abrigo.
É que eu nunca me importei.
Mas agora essa ferida de desgosto não se fecha.
E isso já tá me matando.
É que eu tô vendo você não lutar.
E já não sei se isso faz sentido.
E me dá nojo as minhas mentiras.
Mas eu te conheço, e sei que a verdade nos mataria.
É que eu sei o quanto dói.
Mas acho que eu não amo mais você.
E eu não te culpo.
Talvez se eu te perdesse.
É que você vai ficar melhor sem mim.
Só te quero bem.
É por isso que tô te deixando.
É que eu só queria te pedir perdão.

Lúxuria 1.1

Sobre a vida que levei?
Não me arrependo. Não vou dizer que foi difícil, se é isso que você quer ouvir.
A vida que levei foi por opção. 
Não lembro de números.
Lembro de impulsos, esses que não eram meus.
E lembro como se fosse hoje das surras que levei.
Sobre o começo?
Fui surpreendida. E sei dos motivos, sei das culpas. E não o culpo. Não culpo suas mãos, sua boca, sua força, seu estupro.
Naquele dia nasceu a sua puta, a minha, a deles. Sofia.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Carpe diem


Hoje eu me despi. 
Tirei minhas roupas, limpei a maquiagem, sequei o suor. 
Guardei alguns sorrisos falsos, uns olhares indecifráveis, alguns pensamentos sujos, e ainda sobrou espaço para muita maldade. 
Hoje eu me despi de mim. 
O que sobrou ? 
Um corpo seco e medíocre, desprovido de pureza e corroído pelo cansaço, que algum dia por um descuido demonstrou um pouco de fragilidade e recebeu a caridade em troca. Alguém que nunca se fez importante, e que conseguiu muitas coisas no grito ou por pena. Que foi pisoteado muitas vezes e se alimentou da ilusão para não sentir dor. 
Que usou dos seus métodos auto destrutivos para sobreviver, e com muito esforço conseguiu sorrir. E quando teve a oportunidade de gritar, como nunca gritou antes, recuou.
Covardia ? Medo ? Frustração ?
As vezes, só as vezes, é preciso estar ciente da nossa condição. 
Tenho muito medo do amanhã, e não voltaria ao passado. 
Não sei o que a morte me reserva, mas sei que do futuro guardarei muitas mágoas. 
Hoje, com toda a verdade que restou em mim, posso dizer, que enquanto eu puder respirar, sentir e até mesmo me arrepender, lutarei bravamente com essa criatura que me consome e me suga constantemente, me levando ao céu e ao inferno.
 Sempre haverá uma guerra com muito sangue e nenhuma vitória. 
Antes disto ou daquilo, antes de você e de nós, eu sempre estarei aqui. 
E no auge do meu egoísmo eu levarei todos os meus eus embora, para que os mesmos não destruam a felicidade alheia. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A Capela

Todo homem crê em redenção.
A busca pelo poder divino é natural, pra quem precisa de fé.
A agressividade se espalha
Existe a esperança?


Entre espelhos havia uma porta
Ele entrou e eu o segui
O espaço era pequeno
Um altar, algumas imagens.
Bancos alinhados em fileiras.
Paredes escuras.
Todos reverenciavam.
As poucas pessoas, com almas manchadas
Encobertas de sangue e rancor, medo talvez.
E num vento forte, a mim se agarraram
Gritaram justiça, me acusaram de crimes que não cometi.
E antes que eu pudesse ser tocada, um muro se fechou a minha frente.
Choros estouraram meus tímpanos.
Sangue me sujou as roupas.
Uma mulher chorava pedindo minha ajuda.
Num momento de azar, o medo se expandiu em minhas pernas.
O tempo resolveu correr...


domingo, 4 de janeiro de 2015

Consolo

As promessas que foram feitas, entre choros de saudade
Se despedaçam pela distância.
O abandono percorre nossos laços, aqueles de conforto.
Não houve erros, apenas vertentes passageiras.
Aos que fui leal continuarei sendo,
Enquanto deus proteja os fatigados de minha presença.

Espelhos

O espelho que reflete a beleza é mecanismo de defesa.
Esconder-se atrás da perfeição são para olhos destreinados.
A alma não é exposta a visão externa. 
É ela quem guia um bom observador de reflexos internos.

Andar não era o problema, a fato em si aconteceu na chegada.  
O que era paisagem não passava de espelhos. 
Ele pegou minha mão e ao toque um reconhecimento.
Fomos o fim, o elo e o renascimento. 
Somos a calúnia, a blasfêmia, a doença. 
Vestígios de reflexos malevolentes.  

sábado, 3 de janeiro de 2015

II

Querido amigo,

eu acho que já fui mais bonita. Falo de beleza interior. Os problemas de hoje, são os mesmos de ontem, e amanhã não será diferente. Até pode, mas em algum momento da vida, esbanjei vontade de viver de dar inveja. Ainda não conheci o fundo do poço, mas a respiração está diminuindo. Não me rendi. E nem vou. Nós dois sabemos que há uma maneira de ficar "em paz", porém no escuro. As vezes me sinto culpada como se tivesse traindo uma divindade. E se for assim, o que vai ser de mim ? Mais amigo, veja bem, você está em cima do muro. A vista é tão bonita assim pra valer uma vida inteira ? Ou metade dela ? Confesso que não sei.



Com carinho, Lolla.