quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Carpe diem


Hoje eu me despi. 
Tirei minhas roupas, limpei a maquiagem, sequei o suor. 
Guardei alguns sorrisos falsos, uns olhares indecifráveis, alguns pensamentos sujos, e ainda sobrou espaço para muita maldade. 
Hoje eu me despi de mim. 
O que sobrou ? 
Um corpo seco e medíocre, desprovido de pureza e corroído pelo cansaço, que algum dia por um descuido demonstrou um pouco de fragilidade e recebeu a caridade em troca. Alguém que nunca se fez importante, e que conseguiu muitas coisas no grito ou por pena. Que foi pisoteado muitas vezes e se alimentou da ilusão para não sentir dor. 
Que usou dos seus métodos auto destrutivos para sobreviver, e com muito esforço conseguiu sorrir. E quando teve a oportunidade de gritar, como nunca gritou antes, recuou.
Covardia ? Medo ? Frustração ?
As vezes, só as vezes, é preciso estar ciente da nossa condição. 
Tenho muito medo do amanhã, e não voltaria ao passado. 
Não sei o que a morte me reserva, mas sei que do futuro guardarei muitas mágoas. 
Hoje, com toda a verdade que restou em mim, posso dizer, que enquanto eu puder respirar, sentir e até mesmo me arrepender, lutarei bravamente com essa criatura que me consome e me suga constantemente, me levando ao céu e ao inferno.
 Sempre haverá uma guerra com muito sangue e nenhuma vitória. 
Antes disto ou daquilo, antes de você e de nós, eu sempre estarei aqui. 
E no auge do meu egoísmo eu levarei todos os meus eus embora, para que os mesmos não destruam a felicidade alheia. 

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