terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Aperto

Guarde suas histórias, e seus conselhos, me traga verdades. 
Não preciso de palavras, ou de carinho, eu preciso de verdades. 
Não quero chocolate, nem amoras. 
Se o que há em você não for verdadeiro, afaste se! 
Daqui pra frente... De lá pra cá... 
Do meio ao fim...
Verdades.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

I

Querido amigo,


As coisas não estão legais por aqui. Desde que partiu, muita coisa mudou.
Deve ser por isso que sinto sua falta. Nunca mostrou o lado bom das coisas, 
mas sabia como aliviar.
Pois bem, gosto de você assim. Longe, com sua família, vivendo a sua
vez e evoluindo como ser humano. Não quero que volte, mas não espero que
me esqueça. Ainda estou sozinha. As vezes me sinto rodeada de animais,
brigando por um pedaço de carne podre a todo o tempo. 
E nas outras vezes, eu sou o único animal, querendo dominar o restinho de comida. 
Ao mesmo tempo estou feliz, e não seria capaz de te pedir uma visita. 
Não quero ser uma pedra e atrapalhar a sua jornada.
Eu to sentindo o mundo escorrer pelas minhas mãos, e isso é muito estranho. 
Não espero que responda, aliás, nem sei se a carta
vai chegar até você. Se chegar, quero que saiba que te perdôo por
nunca ter me procurado. E que durante esses anos, eu consegui aprender muito, sem a sua ajuda.

Com carinho, lolla.



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Infortúnio

n.m
1. Azar, desgraça ou fatalidade; designação de uma situação triste ou de uma tragédia ou de um flagelo.
(Etm. do latim: infortunium)

Se não contiveres teu caos, não invada o infortúnio alheio.
A minha alma grita em prantos.
Não existe dor, nem martírio.
Só gritos, de um inferno profundo imperdoável.
Eu vivo, mas não coagularei nenhum sangue meu em teus ouvidos.
Se não contiveres teu infortúnio, não invada o caos alheio.

Entorpecentes

O sangue pulsava dor. A alma bebia mentiras com sal. O último beijo me feriu até a carne e quando percebi estava sozinha. Ele partiu sem bagagem. E quando voltou não o reconheci. Enfim, encontrou o seu caminho, e poucas pessoas faziam parte dele. 

- É tão estranho sofrer e estar em paz ao mesmo tempo... É tão fácil se entregar para si. Agora entendo, o amor não foi feito pra mim.

Emily.

De inicio, o fim

Eu nunca entendi o fim das coisas. Sempre achei que tudo deveria ter um fluxo contínuo. Aí chegou o fim do mês, o fim do ano, o fim do fim. Não há o que entender. Só temos que aceitar que se o verão não chegar ao fim, nunca saberemos como é o outono. E talvez esses ventos estranhos, essas discórdias alheias sejam apenas um presságio. 
Nossas promessas vão chegar ao fim. 
As nossas histórias que nunca tiveram um começo também chegarão ao fim. 
E dessa vez pode não vir algo novo. Não pra nós. 
Trapaceamos por tanto tempo para manter algo de pé, e já não temos forças nem para ficarmos deitados. 
Como nos velhos tempos.


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Desafogo

Respire. É mais fácil do que imagina aceitar as coisas. A vida muda de cor a cada dia que abre os olhos. E o vento nem sempre sopra para a mesma direção. Quando um sentimento supera todos os sentimento que há no mundo, se torna difícil de lidar, mas prazeroso, por ser diferente. Nada está perdido, as lembranças serão como aqueles filmes que não te dão emoção, mas deixam aquela vontade de ver todos os dias. Nossos sonhos, meios de comunicação, onde só os deuses serão capazes de saber o que se passa por lá. Talvez a maior missão seja essa, não deixar morrer algo que nunca esteve vivo. Agora feche os olhos e guarde com você aquela palavra que não foi dita e me conte quando a chuva chegar.
Com amor...caos.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Luxúria

Me ajoelhei, e implorei o perdão.
Ele me olhava atordoado.
Uma chuva de palavras escorria, enquanto encharcavam sua batina.
Um olho fixo e desesperador.
Uma puta louca cuspindo lamúrias.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Fuga I

Era 7 da noite, eu estava no ponto de ônibus como quem não quer nada, tipico de um dia cansativo. E então ele chegou, com uma garrafa de vinho, me chamando de vadia e "pedindo" pra entrar no carro. Sim, eu entrei. Não me arrependo, talvez era disso que eu precisava, viver um pouco essas historias que só acontecem em quadrinhos. Ele não era bonito, tinha uma barba mal feita e cheirava a cocaína. Não me olhou nos olhos, sequer perguntou o meu nome. Só tirou minha roupa e me jogou no chão como um animal. A cada estocada eu gritava de dor e pedia mais. Aquela agressividade foi o carinho que o meu corpo pediu por tanto tempo, e não teve. Ele não era um fora da lei, era alguém como eu, que fugiu da gaiola por uns instantes, só pra ver o que tinha depois do muro. Foi uma noite longa. Nem sei como cheguei em casa. Sei que o êxtase daquela noite ainda pulsa em minhas veias. Talvez eu esbarre com ele por aí, vestido com um terno careta, usando óculos e com a barba feita. Ou talvez ele seja algum colega de trabalho, um amigo quem sabe. Talvez eu conte para os meus netos, ou para os meus sobrinhos. Ou talvez tenha sido só um sonho ou um devaneio. Se eu faria de novo ? Não, essas fugas só devem acontecer uma vez. Ou elas vão te dizer o porque você vive, ou farão com que  você desista de vez. Eu não conseguiria explicar tamanho sentimento, só sei que naquela noite eu estava viva.