terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Fuga I

Era 7 da noite, eu estava no ponto de ônibus como quem não quer nada, tipico de um dia cansativo. E então ele chegou, com uma garrafa de vinho, me chamando de vadia e "pedindo" pra entrar no carro. Sim, eu entrei. Não me arrependo, talvez era disso que eu precisava, viver um pouco essas historias que só acontecem em quadrinhos. Ele não era bonito, tinha uma barba mal feita e cheirava a cocaína. Não me olhou nos olhos, sequer perguntou o meu nome. Só tirou minha roupa e me jogou no chão como um animal. A cada estocada eu gritava de dor e pedia mais. Aquela agressividade foi o carinho que o meu corpo pediu por tanto tempo, e não teve. Ele não era um fora da lei, era alguém como eu, que fugiu da gaiola por uns instantes, só pra ver o que tinha depois do muro. Foi uma noite longa. Nem sei como cheguei em casa. Sei que o êxtase daquela noite ainda pulsa em minhas veias. Talvez eu esbarre com ele por aí, vestido com um terno careta, usando óculos e com a barba feita. Ou talvez ele seja algum colega de trabalho, um amigo quem sabe. Talvez eu conte para os meus netos, ou para os meus sobrinhos. Ou talvez tenha sido só um sonho ou um devaneio. Se eu faria de novo ? Não, essas fugas só devem acontecer uma vez. Ou elas vão te dizer o porque você vive, ou farão com que  você desista de vez. Eu não conseguiria explicar tamanho sentimento, só sei que naquela noite eu estava viva.



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