sábado, 27 de julho de 2013

Mensagem

Certa vez estava sentado em meu banquinho, olhando a chuva que batia na terra, sentindo o cheiro da lama, observando as folhas caindo no chão. 
Eu já vivi demais. Já sofri demais. 
É por isso que eu escrevo essa mensagem, para uma velha amiga, que infelizmente nunca me visitou. E que nas vezes que eu a vi de perto, nunca fez questão de me dar um abraço.
Eu sou tão nojento assim? Pra ela não querer dançar comigo?
No começo, quando eu era menino, eu nunca fui de gostar dela, temia ela por demais. Sabe? Quando ela veio levar meus pais pra dar um passeio, eu gritava pra ela "Sua vadia!". Haha velhos tempos...
Depois, na minha adolescência, eu encontrei ela poucas vezes, foi visitar meus amigos. Nada muito grave, eu não tinha mais medo, mas não simpatizava com a danada.
Terminei os estudos, comecei a trabalhar, logo já arrumei um pedaço de mal caminho. E casei.
Ela não teve filhos. E olha que nós tentamos muito. Ficou desgostosa da vida...
Coitada da minha esposa, entrou em depressão. Se matou. E minha coleguinha veio buscá-la.
Eu fiquei sozinho. Por anos. Não tinha espaço pra mais ninguém nesse meu coração. Oh tristeza que eu passei. Eu ainda não queria partir. Sempre preso a coisas materiais. Aos poucos eu fui sentindo o peso.
Bebia todos os dias, como se não houvesse amanha. Mas isso não me curou. Cometi um atentado com minha própria vida, mas nem pra isso eu prestava. Decidi esperar a desgraçada vir me buscar.
A essa altura do campeonato nenhum receio contra ela eu tinha. Mas a danada nem quis saber de mim.
Eu, que considero essa desgraçada uma redenção. Um alívio pra minha alma carente. Uma porta de entrada pra encontrar meu grande amor. Nem pra isso eu sirvo. Nem a própria morte deseja um velho imundo. Tudo que eu imploro senhora, é que mande seu ceifeiro pra já acabar com essa vida medíocre.






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